O Cemitério da Lapa, também conhecido em seus primórdios como “Cemitério das Goiabeiras”, foi inaugurado em 1918, em um momento de grande sofrimento coletivo: a epidemia da Gripe Espanhola. À época, a cidade de São Paulo foi surpreendida pela rápida disseminação da doença, que vitimou milhares de pessoas em poucas semanas. A urgência obrigou o poder público a abrir este espaço em caráter emergencial, destinando-o ao sepultamento daqueles que partiram durante a crise sanitária.

O nome popular “Cemitério das Goiabeiras” nasceu das árvores frutíferas que existiam no terreno, e acabou se transformando em um símbolo da memória afetiva do bairro e da resistência da comunidade diante da dor. Cada árvore, cada história, cada lembrança aqui preservada carrega consigo parte dessa trajetória.

Mais de um século depois, em 2020, o mundo voltou a enfrentar uma nova pandemia, desta vez causada pelo Coronavírus (Covid-19). Novamente, o Cemitério da Lapa cumpriu seu papel de acolher, em meio ao luto coletivo, as famílias que perderam seus entes queridos. Assim como em 1918, a cidade se viu diante de um desafio sem precedentes, marcado por incertezas, sofrimento, mas também por gestos de solidariedade e esperança.

Este projeto e site é uma homenagem às vítimas da Gripe Espanhola e da Covid-19, lembrando que a história se constrói não apenas com datas e registros, mas sobretudo com vidas, afetos e memórias. Ao recordar essas duas pandemias, reconhecemos a fragilidade da existência humana e, ao mesmo tempo, reafirmamos a importância da memória coletiva como forma de honrar o passado e fortalecer o futuro.

Que este espaço permaneça como testemunho de dor e saudade, mas também de solidariedade, resiliência, memória e esperança.